A dor é inevitável, mas o sofrimento, uma opção
É admirável conviver com pessoas transparentes no agir e sentir, que buscam alternativas diante dos impasses e pontos comuns quando as divergências emergem. E melhor ainda quando possuem coragem para assumir falhas, dificuldades e fragilidades. Como eu aprendo com esse tipo especial de ser humano!
Deve ser por isso que existem relações de amor e de amizade que conseguem romper fronteiras do tempo e do espaço. A habilidade de construir pontes e derrubar muros deveria ser nosso objetivo final, mas poucos conseguem agir dessa forma.
Tenho me esforçado para não fazer julgamentos precipitados. Assim, coloco-me sempre no lugar do outro. Ao mudar de perspectiva, aprendo a ser mais complacente e exercito a compaixão. Quanto mais você praticar, mais irá reconhecer o sentido de humanidade e pertencimento que conecta e une todas as pessoas (almas), me disseram.
Aprendo a ser menos rigoroso e exigente com o mundo e comigo mesmo. Sou agora menos pretensioso e mais compreensivo. Aprendi a conviver com meus limites físicos e emocionais. E sinto que não preciso exigir tanto da vida para viver com dignidade e prazer.
Descobri o poder da liberdade e da renúncia ao abrir mão de sentimentos ultrapassados e tolos, que não possuem mais qualquer significado. Isso tem aberto espaço para novas conquistas e alarga meus horizontes, que hoje são múltiplos.
Reconhecer semelhanças é melhor do que apontar diferenças, pois cria uma forte identidade de participação com o mundo, dá uma noção clara de engajamento social, ao mesmo tempo, que me permite ser seletivo em relação ao que realmente me é essencial para continuar vivendo.
Dia desses ouvi a seguinte frase: "A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional". Fiquei pensativo por muitos dias. Constatei que sofri sem necessidade. Havia um excesso emocional diante das dificuldades que enfrentava e que deixava um saldo negativo de ressentimentos. Sofri pela minha imaturidade diante daquilo que não sabia/podia mudar. Sofri, pois não via o sofrimento como um caminho para a expansão da consciência. Permiti ao sofrimento ganhar uma dimensão que poderia ter comprometido o meu futuro. Sofri, mas não deixei que meu coração endurecesse. Mal sei como sobrevivi a tantos desafios. Eu sabia que todas as dores teriam fim, mas me faltava fé para acreditar.
Hoje faço diferente. Me esforço para manter sob controle meus pensamentos e sentimentos. Esforço-me para fazer escolhas sensatas e dar a dimensão real e importância ao "sofrimento" que me cabe. Sofrer por sofrer perdeu a sua graça. Sofrer agora é uma opção, pois o tempo é curto para ficar "perdendo tempo" diante daquilo que a vida nos reserva. Posso dizer que abraço as dores que tenho vivido. Essas dores se tornaram grandes aliadas para o meu amadurecimento.
Na agilidade do mundo, perdemos parâmetros e mal temos tempo para transformar nossas dores em aprendizado, por isso, me detenho diante de um quadro ou situação de aparente caos. Conto sempre de 1 até 10, respiro fundo e assumo o controle sobre mim mesmo.
A resposta que obtenho é ver com verdadeira dimensão, o que se passa comigo diante de uma situação limite e melhor ainda, é poder vislumbrar o tamanho do desafio, e Deus sabe como, aprender com ele. Esse aprendizado decorre da expansão contínua de minha consciência e de minha capacidade de amar. Encontrei o meu caminho para continuar vivendo com propósitos verdadeiros. Só preciso provar que posso ser melhor a cada dia, mas ninguém precisa saber. É um esforço silencioso, um voto perpétuo que me conduz até onde Deus quer que eu chegue.
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