A palavra e o silêncio

Cheguei em 2010 em grande estilo. Estou, como dizem meus amigos da Era de Aquário, bastante zen. As férias estão recarregando minhas energias. Sinto-me pacificado. Os pensamentos ruminantes que me acompanharam no fim de 2009 desapareceram. Antes de ficar sofrendo com aquilo que poderá acontecer, agora é esperar pelas boas notícias que não tardarão em chegar. Já escolhi os florais que tomarei e tenho feito fisioterapia para colocar no lugar minha coluna vertebral, depois de um 2009 profissionalmente estressante.
Gostaria de poder ficar mais um mês de férias, mas já sei que fevereiro será outro mês atípico, considerando que só depois do Carnaval as aulas começarão de verdade.
Fiquei sem escrever por quase quatro semanas. Fiquei cansado de usar o computador, mas escrevi em folhas de papel, como se fazia antigamente.
Coloquei meu computador e netbook na revisão. Estavam lentos e cheios de vírus "mortais". Além disso, preferi me dedicar a trabalhos práticos e braçais nessas férias, além de exercer com mais intensidade o meu papel de pai, filho, irmão e marido. Não que eu fosse ausente, mas com a cabeça livre de preocupações e mais tempo disponível, posso aguçar o meu olhar sobre a minha atuação nesses papéis.
Como já digitei anteriormente, 2010 vai ser um ano mais tranquilo em todos os sentidos, pelo menos é o que espero. Por mais que surjam situações complexas, espero ter uma mente aberta para não me deixar levar por provocações e angústias que tanto me incomodaram em 2009. Hoje mesmo pensava na força que tem o meu orgulho e o quanto entro em choque com ele sempre que posso.
Todos os dias mentalizo que as dificuldades do outro não terão o poder me desestabilizar, pois a partir de agora não estarei disponível para muitas pessoas. Vou fechar a guarda.
Férias me fazem relaxar bastante e a cada ano que passa elas me fazem melhor. Deve ser o tempo cobrando o seu preço. Sou professor há 24 anos! As férias me tiram do ar!
Deve ser por isso que costumo esquecer o datas e os dias da semana. Se pudesse nem relógio usaria. Minhas agendas estão em branco em janeiro. E mesmo não tendo viajado para nenhum lugar, viver a minha vida 24 horas com a intensidade que aprecio, tornou-se um exercício muito legal.
Convivo bem comigo mesmo. Não parei ainda para pensar muito no que estou vivendo em janeiro, apenas estou deixando fluir a vida com a maior naturalidade possível. Não estou me impondo nenhuma rotina de compromissos e faço o que posso e quero dentro de meu tempo.
Mas imagine se pudesse viver sempre assim. Acho que ficaria entediado com o tempo, deixando de aproveitá-lo de forma mais produtiva. Lembro-me da satisfação que tenho quando consigo cumprir tudo o que planejei para um dia. Fico orgulhoso de mim mesmo, pois vejo o quanto posso realizar.
Por isso, considero que tudo deve acontecer a seu tempo, esteja eu de férias ou trabalhando cheio de atividades e gerindo duas agendas. Trabalhar e tirar férias são apenas os dois lados de um mesma moeda. O que importa é agregar qualidade à vida que se vive!
Também me surpreendo o quanto a distância na convivência pode criar situações embaraçosas. Difícil é reconhecer o quanto podemos estar míopes para perceber que as pessoas estão mudando e se transformando. Mudanças podem fortalecer as pessoas ou fragilizá-las lentamente. Os que um dia foram fortes, podem se tornar frágeis e se quer nos damos conta disso, só quando as diferenças tornam-se visíveis. E o que fazer nesse instante quando percebemos? Poupar e proteger das dores do mundo e da passagem do tempo a quem amamos.
Saber ouvir é para poucos. Lembrei-me de um velho provérbio: "a palavra é de prata e o silêncio é de ouro." Apoiando-me nessas palavras, tenho preferido o silêncio que me permite ouvir e ver com clareza tudo e todos ao meu redor. Acredito que por estar mais maduro só darei importância ao que realmente me faça um homem melhor.

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