O Sol como aquecedor

Estou aqui em casa buscando o sol para me aquecer. Muitas vezes guardo comigo um espesso silêncio diante das pessoas que convivo. Silencio-me diante de posições radicais e posturas autoritárias. Silencio-me diante de muros que são construídos e que me impedem de conversar com todos que convivo. Seria bom se pudesse partilhar tudo o que sinto e penso sobre a vida, não escrevendo, mas falando diretamente.
Acredito que poderia resgatar muitas relações que se esvaziaram com o tempo. Mas sei que não posso ter novamente o que já se perdeu. Seria preciso que a outra parte tivesse o mesmo objetivo. Hoje sei que amei mais do que fui amado, se é que posso mensurar o amor. Também constatei que o valor que dei a algumas amizades não foi correspondido com a mesma intensidade. Mas isso não importa mais. Eu fiz o melhor que pude, sem esperar por retribuições.
Muitas vezes a comunicação fica limitada à ponderações superficiais, sem no entanto, evoluir para um diálogo onde as diferenças sejam postas de lado e os pontos comuns sejam a melhor temática. Encontrar semelhanças e pontos de convergência em um diálogo acaba se tornando um exercício de encontro sem igual. Estar com amigos queridos sempre será prazeiroso. É bom partilhar experiências, sabendo que estão do nosso lado, mesmo quando nos colocam o quanto podemos estar equivocados. Valido muito as críticas dos amigos verdadeiros, pois sei que conspiram ao meu favor.
Prefiro não adotar posturas radicais diante da vida. Não me agrada constatar que elas podem com o tempo, tornarem-se uma fonte de sofrimentos tolos. Assumir um erro de julgamento vai requerer uma dose grande de coragem e humildade, tornando os resultados imprevisíveis. Por isso, não me agrada agir precipitadamente.
Sempre fui mais flexível em ouvir e ponderado ao falar. Mas nunca consegui ser imparcial na maioria das vezes, mas sempre soube me colocar claramente diante dos impasses com habilidade política. Sou um mediador empolgado diante de situações complexas, caso seja convidado a opinar e buscar soluções. Me parece mais fácil terminar do que iniciar, seja lá o que for. Entretanto, a minha postura diplomática "vai para o brejo" quando me sinto injustiçado.
Não trago respostas prontas e verdades absolutas dentro de mim. O meu livre arbítrio e a consciência do meu papel nesse mundo me tornam mais realista e menos passional diante dos fatos. Já fui um homem muito mais passional do que sou hoje. Toda vez que ouvia que "homem que é homem não chora", revidava chorando intensamente. Era a forma que usava para mostrar que não iria me constranger por nada e por ninguém.
Já vivi muitas situações e confesso que se pudesse voltar faria diferente. Mas como não se pode reviver o passado (e cá entre nós, eu não quero mesmo), prefiro estar atualizando a minha postura diante da vida. Acredito que mais a diante não me arrependerei tanto da maneira com que encaro a vida hoje.
Adotar a flexibilidade me faz sentir liberto de apegos e posturas. Assim sinto-me continuamente renovado diante da vida.







Comentários

Postagens mais visitadas