Sei que nada será como antes, amanhã...

...sei que nada será como antes, amanhã... cantava Milton Nascimento em uma de suas músicas que mais me marcaram na adolescência. Hoje ainda guardo dentro de mim a força da esperança que desde a minha complexa adolescência, tem me sustentado frente a tudo e a todos. Levou tempo para que eu percebesse que a esperança no amanhã, provinha de uma fé inédita.
Dia desses pensava no quanto o poder da fé pode mudar o ritmo de meus pensamentos e emoções, acalmando meu coração diante dos desafios diários. Sempre peço a Deus antes de mergulhar no dia, força para perseverar, compreender e renunciar. As meditações e orações diárias quase nunca acontecem no mesmo momento, mas me conectam com uma energia poderosa que fica difícil desconectar, diante da cumplicidade que tenho ao pedir e agradecer a Deus.
Há tempos atrás fui surpreendido logo que iniciei minhas orações dentro do ônibus em direção ao Rio. Sentou-se ao meu lado, um forte senhor, conhecido de muitas viagens. Logo após trocarmos cumprimentos, entrelacei discretamente meus dedos e iniciei minhas orações como de costume. Depois de alguns minutos, fui interpelado por meu conhecido de viagens. Ele me disse que não conseguia dormir por causa de minhas orações. Complementou dizendo que eu orava alto demais e que por causa disso sentia-se atordoado.
Sem saber o que dizer, pedi desculpas e falei que não sabia o que fazer, de uma vez que orava de olhos fechados e em profundo silêncio. Assim, teve início um diálogo inédito e revelador.
Ele me perguntou qual era a minha religião. Respondi que havia deixado de ser católico há muitos anos, mas a minha fé só se fortalecia, diante do caminho de desenvolvimento espiritual e expansão de consciência que tinha escolhido - www.cafh.org . Disse-lhe ainda que tinha muitos propósitos, mas o de ser um ser humano melhor era um dos mais atraentes. Para isso, estudava muito, estava predisposto a aprender com todas as experiências e tanto a meditação como a oração, tornaram-se instrumentos fundamentais em minha vida. Assim procurei ser o mais objetivo que pude, na tentativa de esclarecer, reparar, justificar aquela situação.
Apresentou-se como um Pai de Santo e relatou-me sobre os muitos caminhos que havia percorrido na vida. E dentre as inúmeras experiências vividas, destacou que nunca enfrentara a situação de ter seus pensamentos "atrapalhados" por uma oração.
Perguntei se ele conseguiu ouvir o que eu falava em pensamento e ele me respondeu que não, mas que era capaz de sentir que havia uma conexão forte o suficiente para atordoá-lo!
Conversamos durante todo o restante da viagem e aprendí um pouco mais sobre crenças. Apesar de estarmos trilhando caminhos muito distintos, tínhamos o mesmo destino, o Rio de Janeiro. A conversa fluiu bem, apesar de sentir que o que eu falava soava estranho em alguns momentos e em outros, criava uma tensão da parte dele, como se eu o ofendesse.
Mesmo assim, havia uma esforço de ambas as parte em buscar semelhanças ao invés de contrapor diferenças. Os poucos pontos comuns foram bem explorados e os pontos de atrito, educadamente esquecidos.
Finalmente a viagem terminou. Nos despedimos e seguimos cada um o seu destino.
Nas semanas seguintes, ficou bastante claro que eu fui evitado, até que o convidei para se sentar ao meu lado. A resposta foi a seguinte: ele precisava ficar o mais longe possível de mim, para poder estar o mais junto de sua crença. E seguiu para o fundo do ônibus.
Acomodei-me nas duas poltronas e lá fui eu, encontrar com o poderoso Deus que me acolhe em seus braços diariamente.

Comentários

Drica disse…
Olá Luiz Fernando, tudo bem?
Em busca de textos de cafh, achei seu blog... Fantástico!!
Eu fui de Cafh em Petrópolis.
Um Abraço e Até Sempre.
Drica, é muito legal saber que o meu despretensioso blog alcança corações. Como você foi de Cafh, sabe bem o que escrevo. Beijos e até sempre!

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