As diferenças são os desafios de uma vida.

É ao mesmo tempo desafiador e frustrante conviver com pessoas tão diferentes. Diferentes por conta de um comportamento visto por mim como materialista, superficial e até mesmo tolo. Um desafio do qual não tenho como fugir.
Tenho aprendido a conviver com pessoas que não me dão a chance de mostrar quem eu sou. Já demonstraram que não apreciam a minha presença.
Estou aprendendo que posso ser alvo de críticas por aqueles que jamais poderia supor. Pena que essas críticas ainda não foram verbalizadas, pois eu poderia aprender com elas, validando-as ou não.
Mas eu percebo o incômodo que causo quando um vazio que se constrói nos encontros. É frustrante conviver com um acerto que parece não chegar.
Vejo-me em parte refletido em muitas pessoas, que diferente de mim, não se colocam na posição do outro e nem possuem a minha coragem de deixar transparente quando não aprecio atitudes desequilibradas, palavras nocivas e comportamentos destrutivos. Aprendi a ouvir, para depois falar.
Já me disseram que a minha habilidade em dissecar as pessoas pelo seu discurso cria constrangimentos, mas eu tenho uma percepção da alma humana que não pára de se expandir, mas aprendi a guardar o silêncio e as críticas para mim mesmo, na maioria das vezes.
Hoje mesmo falei com uma amiga que a confiança perdida nunca se recupera. E que a crítica que faço não é destrutiva, mas um sinal do quanto eu me importo. Se passar a ficar em silêncio diante do que considero errado, é sinal que não me importo mais. E posso dizer para vocês que me acompanham, que tenho aprendido a fazer um silêncio interior maravilhoso! A viagem para dentro de mim é um dos maiores focos da minha vida.
Tenho diferenças com muitas pessoas, mas todas (inclusive eu) tem a oportunidade de um recomeço, pois posso me colocar no lugar delas em muitas situações. As diferenças existentes agora ficaram pequenas frente ao que temos em comum, como a convivência de muitos anos, de momentos inesquecíveis que guardo com profundo carinho em meio às minhas lembranças. Já aprendi a força que tem a compaixão e não faço julgamentos precipitados.
Existem semelhantes que não fazem parte da minha história. Optaram por não fazerem parte da minha vida. Não querem aproximação, preferem a distância que já me machucou silenciosamente no passado, porém, hoje não mais. Aceito que cada alma aqui tem o seu tempo de crescer, amadurecer, florir e frutificar. E se não posso amar a pessoa, amo o ser humano, como amo a humanidade que pertenço.
Nem sempre estar disponível é o suficiente. De que adianta dar um abraço para quem não sabe o valor da amizade? De que vale o beijo, se o amor não é correspondido? De que vale uma palavra quando não queremos ouvir?
Sou formal e educado com as pessoas que não conheço ou que não aprecio a companhia, mas estou disposto em muitos casos, a buscar com minha intuição o que cada um deixa transparecer de melhor. E quando vejo, sinto e valido, me aproximo. Por vezes, vejo no outro eu mesmo refletido e me surpreendo.
Pensei que todos fossem repletos de boas intenções com eu. Pensei que todos fizessem uso da mesma sinceridade que eu. Pensei que todos, assim como eu, buscassem um sentido mais amplo para nossa tão pequena existência...e me iludi mais uma vez, mas não perco as esperanças que se renovam dentro de mim continuamente.
Tenho ainda muito o que realizar, apesar de não saber o tempo que ainda tenho pela frente. E confesso que a incerteza nesses casos é melhor. Motivos para lutar nunca faltaram. O que sinto falta são de encontros e abraços com aqueles que me entendem e me amam. Queria tanto voltar a conviver com pessoas que a vida se incumbiu de nos separar. Lamento não ter criado vínculos mais profundos, apesar de que muitos vínculos que eu considerava indestrutíveis se romperam com o sopro de uma brisa!
Tenho muito orgulho do meu passado, apesar de achar que o meu presente podia ser melhor em muitos pontos. Sei que só depende de mim para mudar ou adequar-me no aqui e agora, mas a tristeza me abate quando os meus esforços não produzem efeito. Eu ainda acredito e confio em propósitos maiores.
Me orgulho de ser quem eu sou, não melhor do que ninguém, mas diferente e uma excessão em muitos pontos. Quem diria que aquele menino moreninho, tímido, silencioso e de largo sorriso se tornaria no que sou hoje?
Guardo a minha infância como o melhor período da minha existência atual. Eu fui uma criança amada e a felicidade sempre se estampava em meu sorriso e em meus pequenos olhos castanhos. O brilho nos olhos que tinha quando criança se foi para sempre, eu não o tenho mais, mas aquele menino nunca morrerá dentro de mim.
Agradeço a DEUS por me dar pais que me amam verdadeiramente. Esses pais nunca me faltaram, mesmo nos momentos dramáticos e difíceis e sempre poderão contar comigo. Fui e sou um filho agradecido, esforçado e que sempre os amará.
A minha infância foi rica em experiências positivas, mas também deixaram lembranças melancólicas que estão vindo à tona recentemente.
Fui preterido muitas vezes por meus parentes. Eu nunca recebia qualquer tipo de elogio, mas ouvi meus primos receberem elogios na minha frente, mesmo não sendo merecedores. Eu não era bonito ou inteligente o suficiente? Eu sempre me esforçava para ter algum reconhecimento, mas sempre perdia. Eu só não fiquei com a minha auto-estima destruída por causa dos meus pais, que me chamavam de príncipe e me envolviam com abraços, beijos e palavras de conforto, a cada vez que chegava abatido e com os olhos úmidos em casa.
Lembro-me que quando passei no vestibular para a UFRJ, aguardei pelos cumprimentos que não chegaram, mas ouvi críticas que morreria de fome sendo professor, que não teria uma futuro etc.
Mas não desisti pelos meus pais e hoje cheguei aonde muitos deles jamais alcançarão. Eu não morri de fome, mas morro de amor pelo que faço.
Amanhã estarei em sala novamente após 28 anos de magistério. Eu estou recomeçando mais uma vez.
Eu renasço a cada dia mais experiente e sempre acompanhado do bem mais valioso que recebi na vida: a companhia Divina que me acalenta em meio aos desafios de uma vida abençoada.

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