E assim vou seguindo!

Me dei conta que esse blog despretensioso já fez 10 anos. Então decidi atualizar a minha foto. Voltei a usar barba. Sempre foi para mim um ato revolucionário deixar os pelos crescerem em meu rosto. Não uso barba para me proteger ou para afirmar a minha masculinidade. Adoto a barba pois ela me iguala, de certa forma, aos miseráveis, famintos e doentes que sempre deixam os pelos crescerem. Prefiro me assemelhar aos pobres do que aos ricos. E não falo de "boca para fora." Sou esquerda porque as injustiças sempre me incomodaram, assim como a dor do meu semelhante.
Meu pai era um homem muito bonito, vaidoso e refinado. Apesar de não ter concluído seus estudos, foi muito influenciado por viver em um ambiente de luxo. Trabalhou no Cassino do Quitandinha para desespero do meu avô, que não aceitava a ideia do filho se perder na esbórnia. Mesmo que nenhum dos filhos conseguisse chegar ao Ensino Médio, meu avô era estudado, como se dizia, tornando-se um  respeitado Tabelião em Petrópolis, deixando o Rio de Janeiro sua cidade para trás.
Como ouvi muitas vezes, eu não havia herdado a beleza nem o estilo do meu pai. Eu era tímido, silencioso, observador e quase sem vaidade. Eu era único e isso me bastava. Um estudante esforçado e um professor que trabalhava como um operário! E um filho com F maiúsculo como dizia minha mãe. Só me abria diante de pessoas que eu confiasse. Sou assim até hoje, por conta do meu Ascendente em Câncer e da minha Lua em Virgem.
Lembro-me do constrangimento que passava toda vez que papai me apresentava a alguém. Ele sempre me comparava com o filho do Frank Sinatra! Era brincadeira, mas eu morria de vergonha! Com o tempo, principalmente depois de entrar na UFRJ, vi que a minha vergonha se justificava.
Eu fui filho único por quase 10 anos, mas não fui mimado. Pelo contrário, meus pais foram muito exigentes comigo. Eu como sempre fui precoce, passei a exigir um irmão também. Quando me perguntaram porque eu dizia que não era feliz, eu respondi que tinha medo de morrer sozinho! Assim, nasceu a minha irmã. Eu fui a segunda pessoa a tê-la em meus braços e lembro-me que falei para ela: Por que você demorou tanto? Eu não aguento mais eles! As visitas no quarto, caíram na gargalhada.
As lembranças fluem com facilidade, assim como a percepção da vida que por vezes torna-se surpreendente. Escrevo o que sinto e isso me ajuda a compreender para onde devo caminhar.

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