O poderoso Sol em Libra

 A vida é um grande mistério, mas facilmente revelado. Tudo irá depender do quanto você é capaz de vivenciar o que lhe cabe, consciente do que cabe exatamente para você. Tenho pensado bastante no que me incomoda. Sejam pessoas, situações e relacionamentos que não foram resolvidos como eu gostaria. Solução nesses casos é ruptura para mim. É embate, enfrentamento, é dizer com toda a intensidade o que eu sinto diante de tudo e de todos. É não medir as palavras e pagar para ver, sem remorço ou arrependimento. Esse sou eu, um Libriano que tem Marte e Mercúrio em Escorpião, que pensa e age com intensidade, mas muitas vezes, sem qualquer vestígio de racionalidade ou compaixão. 

Por sorte, aprendi a sublimar toda essa intensidade, usando a educação que me foi dada e o aprendizado de me colocar no lugar do meu semelhante, por isso agradeço pelo meu poderoso Sol em Libra. Também aprendi a desistir de batalhas que não me levariam a lugar nenhum. Preciso poupar a minha energia e deslocá-la para novos objetivos. Não dá para ficar comparando o passado com o presente, algo que eu tenho feito com frequência, e confesso que é bastante improdutivo, pois o presente é a base do futuro, e por mais que eu não saiba como será o meu futuro, volto a focar no presente, pois neste tempo eu posso tudo. 

A pandemia e o necessário e providencial isolamento colaboraram muito para esfriar relações pessoais bastante desgastantes e que eu não conseguia colocar um fim. E em nome da minha saúde física e mental deixei o tempo agir a meu favor e me poupar de um desgaste.

Agora a vida vai voltando ao normal, apesar das duas centenas diárias de mortes por causa da Covid, do crescente número de mortos na guerra da Ucrânia, dos 241 mortos das duas enchentes em Petrópolis e de tantas outras vidas perdidas por conflitos e guerras que não ganham espaço na mídia nacional e internacional. O mundo permanece o mesmo, mas fomos nós que mudamos, o que pode não ter sido legal para muitas pessoas. Quando o ceu fecha em Petrópolis, fica claro o quanto é traumatizante o que vivemos. A normalidade não existe, ela é uma desculpa para dizer que temos um controle do que nos acontece.

Tenho andado revoltado, angustiado e muitas vezes triste com o que tenho presenciado. A humanidade parece que retrocede um pouco a cada dia. Assim a minha esperança fica fraquinha como uma lamparina de querosene que usávamos no passado. A garrafa era verde e havia uma fita de pano que queimava lentamente, umidecida pelo combustível. Era o delírio das mariposas e grilos, sem contar que até as lagartixas eram atraídas por aquela tênue luz, trêmula que poderia apagar a qualquer instante. Era legal ver as sombras dos nossos corpos na parede, ouvir as estórias antes de dormir e ver o rosto das pessoas iluminados nas noites quentes de verão. E o céu? Incrível! Podíamos ver mais estrelas, galáxias e sem contar as estrelas cadentes que enchiam nossos dedos de verrugas! Mas e os mosquitos? Não incomodavam mais, pois a hora deles já tinha acontecido e a fogueira providencial ainda lançava fumaça no céu do quintal. Não tinha televisão para distrair as crianças, apenas um rádio de ondas curtas que funcionava com grandes pilhas. Tentávamos sintonizar rádios e quando conseguíamos, não dava para entender o que diziam. Mas essa era a nosso única conexão com o mundo. 

E na hora de dormir, o sono vinha rápido e só era interrompido, com o canto do galo e a luz que penetrava pela fresta da janela. Assim, anunciava-se um novo dia, repleto de esperança no futuro que me aguardava. Depois do apressado café da manhã, era a hora de sair para o mundo com e brincar despreocupadamete. Esse era o meu presente que já dura 60 anos.

Comentários

Postagens mais visitadas