Desaparição

Tenho refletido muito sobre a simplicidade do viver. Descubro através de minhas reflexões o quanto e o que preciso realmente para viver a partir de agora. Isso não é uma questão de lógica ou matemática, mas de bom senso refinado, amadurecido e ecologicamente correto.
Na semana passada tomei conhecimento do significado do termo desaparição pessoal. Fiquei perplexo ao saber que meus pensamentos e atitudes estão convergindo para um caminho que me levará à desaparição!
Já havia pensado também no quanto tenho parecido fraco para muitas pessoas.
Há muitos anos não espero mais o reconhecimento de ninguém, não preciso exibir meus talentos verdadeiros, pois sempre fluíram naturalmente. Meus conhecimentos são grandes, mas felizmente humanos e limitados.
Quero uma vida tranquila e confortável para mim e minha família, sem excessos materiais. E o que mais incomoda para alguns que convivem comigo: estou resguardando minhas opiniões.
Ouço mais e falo cada vez menos. Descobri que ao ser seletivo nesses casos, tenho evitado um gasto desnecessário de energias, poupando-me. Tenho preferido observar atentamente.
Isso não significa que estarei omisso diante de injustiças ou arbitrariedades, mas elas terão que "calar fundo" para que eu me manifeste. E mesmo assim, não serão capazes de me desestabilizar emocionalmente.
Se busco um equilíbrio contínuo, tenho que ir ao encontro de experiências que me acrescentarão qualidade em minha vida. Esse é o grande diferencial! Eu sei com objetividade o que quero e o que não quero da vida.
Dar opiniões e sustentar pontos de vista vai ficando cada vez mais difícil. É como se soubesse que ao me impor ao mundo assim, não estarei contribuindo com nada. Hoje só me aventuro se o ouvinte me solicitar e se eu o conhecer bem. Mas deixo claro que é apenas uma sugestão e que posso até mesmo estar errado.
Quanto às idéias também estão passando por esse processo. Nada mais pior do que ter idéias fixas que escravizam e que com o tempo perdem o sentido e propósito.
Muitas pessoas interpretam como fraqueza, mas eu conquistei o direito de adaptar meus conceitos e pontos de vista à medida que vou vivendo. Não há mais espaço para opiniões cristalizadas e definitivas.
Tornei-me flexível, mas não a ponto de partir. Atuo como um bambu diante de um vendaval, vergo, estalo, mas não parto.
Ter opiniões "flex" é diferente de não ter opinião alguma. Quando opino mostro o que penso e o que sou, sendo assim, não tenho qualquer receio de me colocar aqui ou em qualquer lugar, bastando apenas agir com transparência e sinceridade, o que é simples. Não tenho que concordar com tudo, como não preciso ter a aprovação de todos. Faço questão de deixar isso claro para mim mesmo o tempo todo.
Com o tempo, acho que estou investindo em minha desaparição. Mas se irei conseguir...


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