Que o eterno nos abençoe em 2010

Como é incômodo ter que conviver com pessoas incapazes de aprender com a experiência. Diante dos fatos evidentes, a percepção do mundo ao redor, a percepção de si mesmas é tão deformada e fantasiosa, que a convivência se torna um desafio.
Tenho sido desafiado continuamente por essas pessoas. Na verdade eu tenho permitido que isso aconteça, mas confesso que isso me desgasta muito. Eu tenho o hábito de levar a sério tudo o que falam para mim, e nem sempre isso é um exercício saudável. Ainda permito pois considero tal experiência um desafio pessoal, como se buscasse uma explicação para esse difícil convívio. Eu preciso estar envolvido num relacionamento para avaliar minhas reações e poder visualizá-las sob diferentes aspectos.
A primeira lição aprendida foi de respeitar os meus limites. A segunda foi que preciso me esforçar para compreender o outro, abstraindo as diferenças pessoais. A terceira foi comprovar que ao ser sincero posso ferir, mesmo quando a minha intenção é outra. A quarta lição foi: só é possível conviver quando existe respeito de ambas as partes. E a última, que desistir de uma pessoa não significa que deixarei de reconhecê-la como ser humano.
Gosto de validar opiniões, mesmo que sejam contrárias ao que penso e sinto. Essa é a estratégia que uso para inserir essas pessoas no corpo da humanidade, sem com isso deixá-las de lado.
Mas tem horas que o convívio me deixa esgotado. Já desisti de ajudá-las por reconhecer que como professor de geografia não tenho estrutura e conhecimentos que me capacitem a ser um psicoterapeuta. Além disso, não tenho ficado chateado pela distância que tenho propositalmente criado em relação à muitas delas. A distância torna-me capaz de ver aquilo que não queria ver até então. Essa mesma distância me preserva de ficar "dando murros em ponta de faca".
Na verdade, essa distância protetora tem me evitado dissabores e discussões inúteis. E confesso que tenho me sentido muito bem e se quer tenho sentido falta da difícil relação. Nesse instante percebo que é o momento de voltar meu olhar para mim mesmo.
O caminho espiritual que sigo não me condena por isso, mas reconhece a minha fragilidade pessoal diante da convivência e me fortalece para que mais a frente possa ter uma visão menos defensiva diante daqueles que se mostram tão diferentes de mim.
Mas escrevo sobre o presente. É sobre ele que me debruço. É sobre um Luiz Fernando fisicamente cansado e emocionalmente decepcionado com as pessoas pelos seus atos egoístas e manipuladores. É assim que me sinto hoje.
Recebi alguns e-mails de amigos que me conhecem bem exaltando o meu grande otimismo diante da vida. Sinto decepcioná-los mas vou deixar transparecer aqui uma descrença no futuro. Eu sou humano e aprecio sentir todos os sentimentos possíveis.
Mas não consigo nutrir frustações por muito tempo. O Deus que eu creio é implacável e um amigão na hora de me colocar de pé. Eu nem preciso pedir, basta olhar para o céu, sentir sua presença em meu coração que tudo volta ao estado normal.
Tenho poucos desejos para 2010. Nada mirabolante, nada que não seja possível de ser concretizado por mim mesmo. Meus desejos para o Ano Novo são egoístas, pois só dependem de mim para serem concretizados. E justamente por isso, têem mais chances de acontecer e mais, podem ser modificados ao longo do ano, de acordo com meus paradigmas pessoais.
Já fiz a minha lista de desejos, um para cada mês de 2010. Levei horas para colocá-los no papel, mas ficaram muito bons e por causa deles, não vejo a hora de 2010 começar.
Creio que irei conviver melhor com as diferenças humanas que em 2009 tanto me incomodaram, pois não permitirei que me afetem mais. Já aprendi o que devia, agora vou para um outro nível, como se fosse um vídeo game!
Hoje quero apenas poder descansar, deixar a barba por fazer e colocar tanto a minha saúde e meu orçamento em equilíbrio.
Hoje quero apenas aproveitar ao máximo o tempo que tenho para fazer o que gosto e me cercar de pessoas legais (já tenho feito isso desde 2007). Assim, tenho construído o alicerce de novas amizades e reforçando aquelas mais antigas.
Como bom incentivador, gosto de estar ao lado de pessoas autênticas, transparentes e corajosas.
Queria estar digitando um texto leve, repleto de esperanças e votos de felicidade. Mas ao contrário, esse texto é a síntese incompleta e emocional de um ano muito desgastante e desafiador. Dois mil e nove me fez ver com clareza o que me é fundamental para viver a partir de agora e reconheço que lutei para aceitar o que me é fundamental. Por isso o texto ficou pesado, mas não deixou de ser esperançoso. Esperança, essa é a palavra que precisamos diante de nossos desafios cotidianos.


Que o eterno te abençoe e te preserve. Que o eterno faça resplandescer sua face sobre ti e te agracie. Que o eterno te conceda a sua misericórdia e ponha a paz sobre ti.
Antigo Testamento Números 6:22

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