O nosso lar é aqui, pelo menos por enquanto!
Depois de um longo jejum sem ir ao cinema, convidei a minha mãe e fomos assistir ao filme "Nosso Lar". Fiquei muito feliz ao ver que ela aceitou ir comigo. Tamanha disposição só acontecia quando ela ou meu pai me levavam para assistir "Tom e Jerry" aos domingos pela manhã, no Cinema Petrópolis. Essa lembrança tem mais de 40 anos. Imagine a emoção de ter novamente a companhia de minha mãe, sentada ao meu lado. Só faltou a pipoca, o Drops Dulcora e o caramelo Zorro, mas está tudo bem.
Acredito que há tempos não via tantos idosos reunidos. Era uma celebração o cinema, o momento. Poucos eram os jovens e mesmo assim, pareciam distantes de todo aquele burburinho da "melhor idade".
Mas bastou começar o filme que o silêncio aconteceu. A produção nacional surpreendeu em muitos sentidos: os cenários, figurinos, os efeitos visuais, a movimentação ágil das imagens, a composição dos personagens, a atuação de atores e atrizes etc. mas a mensagem que o filme deixa é diferente para cada pessoa, por isso, vá assistir e tire suas conclusões. Fico muito orgulhoso em ver a qualidade do cinema nacional hoje. Não sou um crítico de cinema, por isso fico à vontade de dar o meu "parecer".
Apesar de estar em um caminho espiritual, eu não sou espírita, mas trabalho para ser um homem espiritualizado. Sou temente a Deus, mas nunca me senti oprimido ou arrastei culpas, como um dia tentaram me colocar nos ombros. Apenas me esforço para ser uma pessoa melhor neste mundo, mas sem grandes pretensões de alcançar o máximo. É um compromisso que assumi para mim. Um voto dado de coração pela minha essência divina.
Assisti ao filme bastante atento. Por hora, olhava para minha mãe para ver se tudo estava bem. Segurei sua mão e ela parecia nem sentir que eu estava ali.
Entendi a mensagem que foi transmitida para mim. Fiquei emocionado com a recepção que os mortos da 2a. Guerra Mundial receberam. Me pareceu uma tarefa conhecida, recepcionar a quem havia morrido, com tamanho carinho, acolhimento e compaixão.
Conversando com amigos sobre o fime, me perguntaram se eu iria para o umbral. Respondi que não sabia, aliás, eu creio que ninguém sabe se iremos ou não, se a estadia será curta ou longa, se iremos nos encontrar todos lá, mas disse com firmeza que de algo eu tinha certeza absoluta: todos nós podemos reescrever a nossa história futura. Não digo reviver o passado, pois seria impossível, mas mudar a qualquer hora, nossas atitudes, nosso olhar para o outro e para o mundo. Sabe aquela ideia de viver intensamente o presente, se preparando para um futuro cheio de boas surpresas?
Imagine que a partir desse momento eu propusesse a quem estivesse lendo esse post, a dar início a um processo de mudança interior. Seria difícil? Já tentou alguma vez? Já se olhou no espelho e se perguntou que podia ter agido diferente?
Vamos encarar o desafio. Podemos começar e recomeçar a todo instante, a qualquer hora. Não há o que temer ou esperar. Não existem cobranças, pois voce poderá fazer isso sem que ninguém saiba.
Precisamos aprender com a experiência verdadeira que temos. Muitos de nós já viveram poucas e boas e são guerreiros diante dos desafios cotidianos e continuam a lutar. Por que não transformar a experiência adquirida pela luta em algo que nos faça ser melhor? Acredito que passaríamos a viver cada momento como se fosse único, mas não o último.
Não podemos perder a oportunidade de dar um sentido maior para a vida, um propósito que envolvesse todas as pessoas que convivemos. Talvez o grande mistério resida aqui, neste nosso lar, onde convivemos e compartilhamos experiências.
Não há como temer o umbral. Não há como desejar o céu, resplandescente e iluminado como no filme. Ainda estamos vivos e creio que temos que fazer muitas escolhas, tomar decisões. Acredito que o nosso lar é aqui, pelo menos por enquanto. Por isso, conscientes do que somos e fazemos, podemos vislumbrar o que nos aguarda pela frente nesta vida.
Vamos encarar o desafio? Abraços e beijos.
Comentários
Gostei muito da lucidez das suas observacoes. Gostei muito tambem do seu otimismo sobre a possibilidade do ser humano se reinventar. Gostei da imagem que voce me proporcionou criar da D. Lea sentadinha ao seu lado no cienma. Gostei da sua escritura, nao posso me furtar a tentacao de registrar que voce tem um dominio maravilhoso da pena (ou melhor, da caneta!).
Escreva mais e sempre. beijos da sua amiga Eliani
luz e paz!
ro.
Ele tambem era de acordo com voce