As portas estarão fechadas, mas nunca trancadas.

Eu sempre preferi as palavras quando são pronunciadas com direção e clareza. Sempre preferi a verdade que feria do que a hipocrisia gentil. Sempre prefiro que falem comigo diretamente para assim ter como ajudar a quem precisa ou me defender quando necessário.
Há tempos decidi não dar mais ouvidos a quem fala de mim "pelas costas". Conspirar secretamente, comentar com ironia e semear discórdias parecem atitudes primitivas, até mesmo inadequadas para o novo século que vivemos, mas parece que o ser humano ainda não se seu conta que é mais fácil construir junto do que destruir solitariamente.
Me angustia a miopia a que muitas pessoas estão acometidas. Amizades são desfeitas inesperadamente, laços familiares são rompidos e relacionamentos se esgotam em pouco tempo.
Vivemos um mundo carente de profundidade em todos os sentidos. O celular mais completo estará obsoleto amanhã. As notícias mais recentes passam a ter uma vida útil que dura segundos, sendo suplantadas por outras quase que imediatamente. O mundo vive essa delicada e veloz transição de valores. Estamos perdendo o foco de nossas relações como um todo. Precisamos de mudanças, mas tempo para amadurecê-las também, pois elas nem sempre trazem bons resultados para todos.
Sempre repasso lembranças e me orgulho muito em meu esforço de buscar um significado maior para minhas palavras e sentimentos. Sempre tenho o que dizer quando alguém busca a minha ajuda. Tenho uma vida com propósitos e quero vivê-la assim. Busco um significado mais amplo diante dos acontecimentos e sinto muito forte que não vivo em vão.
Dia desses comentava com uma prima, que tenho como irmã, que sou uma pessoa muito simples e de poucas exigências. Gosto de viver um dia de cada vez, sem criar expectativas desnecessárias, pois não preciso provar nada a ninguém. Esforço-me para sustentar os compromissos assumidos, pois a disciplina ainda é um pequeno campo de batalha, mas não tardarei em chegar onde eu quero.
Paralelo a tudo isso, tenho me tornado um "homem egoísta" em algumas situações. Muitas vezes como bom libriano ceder é fácil, mas isso me levou a abrir mão de projetos pessoais importantes para a minha felicidade. Muito recentemente decidi ir ao encontro do que eu quero e quem sempre contou comigo terá que esperar a sua hora.
Eu estou sempre aprendendo a caminhar sozinho, pois é muito mais fácil caminhar quando estamos de mãos dadas. Entretanto, tem se tornado muito difícil sustentar relações que já se esgotaram e por isso mesmo desisti das mesmas. Sempre penso que podia ser diferente. Sempre vem um gosto de fracasso e sinto como se fossem débitos para o futuro, para resolver em outras vidas, se é que teremos uma outra oportunidade.
Já pensei em meu orgulho diante dos conflitos, mas também na minha humildade diante desses, sempre buscando o acordo, que quase nunca acontecia. Assim decidi abandoná-los por completo. Se não consigo sentir ou ver as razões por detrás dos conflitos e para me poupar decidi agir assim. Não valem mais a pena, considerando que se a outra parte não reconhece (por muitos motivos) o meu esforço sincero de acertar, abro mão da convivência sem culpas e arrependimentos. Mantenho a distância física e emocional, mesmo parecendo cruel. As portas estarão fechadas, mas nunca trancadas. E tem mais, não deixo apagar a chama do amor que trago em meu coração.
Eu jogo muito limpo com a vida em todos os sentidos. E por que não agiria comigo mesmo? Por isso, agradeço a Deus todos os dias com as mãos entrelaçadas com força e humildemente me coloco aos pés Dele para me conduzir pelo melhor caminho, com a certeza libertadora que não sou melhor dos homens.

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