Tempos de silêncio e recolhimento.

O tempo tem passado rápido para mim. Rápido por demais. As férias me exigiram muito. Exigiram-me muito dentre os múltiplos papéis que desempenho. Mal pude perceber que o tempo escorria entre os meus dedos.
Por vezes, torço que o tempo passe rápido, para que me faça compreender e superar as inevitáveis perdas e dores. Outras, lamento a velocidade da vida, que não me permite criar novos vínculos ou fortalecer os antigos, concretizar velhos sonhos ou acalentar novos e ainda, curtir a vida e as experiências nela contida com a profundidade que sempre desejei.
Não sou um homem indiferente à vida. É quase impossível ficar de braços cruzados quando tudo parece estar fora de controle. Não tenho a pretensão de controlar nada, mas não posso perder a visão que tenho de minha vida e tudo que esteja relacionado a ela, como as minhas relações pessoais. Já as relações profissionais não me trouxeram até hoje desafios que não pudessem ser superados com uma relativa dose de persistência.
Dia desses me perguntei se estava participando da vida de minha filha como queria. Olhei com carinho e profunda admiração, para aquela criança de quase 6 anos que tanto amo, envolvida em seus exercícios escolares. Doeu me dar conta que ela está se tornando tão independente. Mas sei que esse é um caminho sem volta. Espero estar nutrindo a minha semente com o maior amor possível. Não posso desejar ter para mim uma vida que não seja a minha própria.
Estou consciente do enorme bem que a paternidade trouxe para minha vida. Sinto que fui resgatado de uma forma especial ao realizar um sonho acalentado em muitas vidas, como um dia me disseram.
Tenho lamentado o pouco tempo de vida que tenho pela frente, bem próximo de fazer 50 anos. Gostaria de ser capaz de estender o tempo e preenche-lo de múltiplas experiências e desafios. Mas tenho aprendido com os limites e ainda mais, tenho conseguido dar uma maior qualidade aos meus pensamentos e ações. Os pequenos gestos tornaram-se significativos para mim, assim como palavras de carinho, um olhar cheio de cumplicidade e abraços repletos de boas intenções.
Tenho preferido o silêncio e o recolhimento nesses dias, por isso fiquei ausente deste blog. Precisava me liberar de apegos desnecessários e corajosamente venho me libertando de um peso desnecessário.
Agora estou me preparando para um grande salto em minha vida. Como é bom saber com clareza o que quero e o que não quero na vida. Descobri que tenho uma vida em minhas mãos e preciso fazer o melhor que puder dentro do que me cabe. Apesar de tantas transformações vivenciadas, sinto que nunca chegarei ao fim de minha jornada. Mas quero com fervor, ser melhor a cada dia, não para agradar a gregos e troianos, mas a mim mesmo. Trazer a tona a minha essência divina dia após dia, me dará as confirmações que sempre busquei, dentre elas, a que nunca estive ou estarei sozinho, aconteça o que acontecer. Esta é a segunda certeza que tenho na vida. Quanto à primeira, todos nós já sabemos...

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