16/09/1981

...Vivemos em um estado cruel e inevitável de transformação. Cruel pois demonstrar flexibilidade é sinal de fraqueza. Mudar de atitude, personalidade instável. Demonstrar sentimentos, perder a racionalidade etc. Assim, sofremos por não nos permitirmos o direito de aprender, transformar e transmutar para assim irmos de encontro a felicidade, ou pelo menos de curtir momentos especiais.
Hoje percebo como é difícil sustentar comportamentos herdados do passado! Tenho que mudá-los, sei que posso, mas ainda não consigo. Ainda creio que estaria sendo visto pelo próximo como fraco. Ainda me atenho a possíveis comentários maldosos, dignos de minha formação judaico-cristã, repleta de culpas e medos. Pior é saber que comentários e julgamentos que me fazem, são em sua maioria frutos da imaginação. E se fazem, não merecem valor algum, pois não são colocados diretamente para mim.
Vivo em sociedade, mas não preciso me submeter a ela ou a quem quer que seja. Respeito o ser humano assim como respeito às leis que rejem as sociedades, apesar de nutrir uma crescente indignação às injustiças e contradições ao ponto de achar interessante ser desobediente e questionador como civil. Quando levado a extremos, sou desobediente, desobrigo-me da obediência diante de uma injustiça e isso me faz bem.
Nossa sociedade carece de respeito e solidariedade, além do amor, essencial a toda toda hora e momento e em todos os tempos. Gostaria de viver em um mundo ideal, que fosse cooperativo, harmonioso, trabalhado, afetuoso, digno, prazeiroso, vivido dentro de uma fé estruturada no coração e na aceitação das diferenças, culto e inundado de amor. Porém, deixo no mundo apenas a esperança e a torcida de um futuro que certamente será melhor.
(Extraído de um texto datilografado em 16/09/1981, quando tinha 19 anos)

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