Amoras e pitangas

Tenho tentado resolver situações pendentes nestes últimos dias. É sempre assim. Acontece três vezes por ano: nas férias de janeiro, nas de julho e nos últimos dias que antecedem o ano novo. Sinto que tenho que fazer o que deixei de fazer por falta de oportunidade ou preguiça. Além disso, é bom iniciar um novo ciclo de vida com pendências resolvidas, por isso gosto tanto de trabalhar nas férias.
Arrumo gavetas, armários, documentos, papéis, contas vencidas e o que é mais importante, revejo as metas que me propus a alcançar este ano. É uma estratégia matemática de resolver problemas armando botes para colocar as mãos em ação.
Muitos que não me conhecem tão bem se surpreendem com minha postura empírica e cartesiana, mas o meu lado prático está sempre buscando um jeito de tornar a minha vida eficiente, de forma a tirar o maior proveito do tempo que tenho disponível.
Faço tudo isso com muito prazer e de forma bastante flexível. Se não der para cumprir as metas estabelecidas, projeto-as para frente, sem desistir imediatamente.
Adoro um trabalho braçal pois tem sempre um resultado prático e adoro resultados que dependam unicamente de mim. Aprecio um dia pesado de responsabilidades e atividades incomuns.
Agora mesmo me lembrei das aulas que tenho de preparar para a próxima semana e dos trabalhos e avaliações de uma turma. Mas ainda não tive vontade de fazer nada. Ainda estou de férias. Tenho muito que fazer até o dia 04 de agosto de 2008. Por enquanto traço estratégias em minhas agendas.
Já listei tudo que preciso fazer e fiquei surpreso o quanto terei que trabalhar e fiquei feliz com a minha ousada capacidade de ação. Estou longe de ser um super homem, mesmo sabendo que fico meio metido quando me saio bem dessa confusão criada por mim mesmo.
Os dias estão azuis. O sol maravilhoso. As noites estreladas e frias. Já escuto sabiás e macucos ao amanhecer. Sinto o inverno se esvaziar. Tenho saudades da chuva, dos pingos batendo na janela e o cheiro maravilhoso de terra molhada.
Lembro-me agora das inúmeras vezes em que eu e minha prima ficávamos no portão esperando a nuvem de chuva de verão nos alcançar. Era legal ouvir e ver a chuva caindo ao longe e ir chegando devagar até nos atingir, obrigando-nos a entrar em casa. Logo depois da chuvarada corríamos todos para ver se o rio havia transbordado e para apontar todo o tipo de lixo carregado pelas águas. Havia no ar um cheiro de esperança misturado ao frescor do fim de tarde de verão. Tinha gosto de amoras que comíamos no passeio noturno na rua Dr. Sá Earp ou de pitangas que comíamos no morro da tia Pina.
Não sei o que me deu agora. Mas eu escrevo o que sou e sinto, sem me preocupar com os resultados. Tenho lembranças muito especiais e gosto de colocá-las aqui. Minha vida ainda não foi concluída e por isso vivo intensamente um dia após o outro.

Comentários

Unknown disse…
O que dizer além de Maravilhosooooooooo !!!!

Adorei.

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