Aproveite as escolhas e assuma riscos

Saber ouvir é para poucos. No mundo em que estou inserido, as pessoas falam muito e escutam pouco por conta da profissão. Nós professores sempre reivindicamos atenção quando falamos. Eu mesmo digo para meus alunos que só aprendemos quando ouvimos atentamente o que nos falam. Mas não pense que isso é uma exclusividade do magistério. Existem pessoas que "falam pelos cotovelos" por ansiedade, por auto-afirmação, por delírios, por velhice etc. São compulsivos ao extremo. Criam uma atmosfera sufocante ao seu redor, pois querem atenção total a suas palavras. Mas sabe o que é pior? Não se dão conta do quanto são oprimidos e do quanto são opressores. Saber ouvir, dar espaço para que o ouvinte se coloque, seja ele quem for, além de ser respeitoso, é uma das regras de etiqueta com relação ao diálogo.
Não estamos preparados para ouvir críticas. Estamos aptos, se é que posso dizer assim, a ouvir aquilo que valida nossos pontos de vista. É difícil aceitar palavras que nos coloquem frente à frente com a possibilidade de estarmos enganados ou equivocados. Mas são esses os melhores momentos que tenho para descer de minha torre de marfim, onde vez ou outra ainda me refugio, e encarar corajosamente os desafios que meu ego precisa se submeter.
Hoje consigo perceber e respeitar as críticas que escuto, apesar de não concordar com algumas por muitas razões. Primeiro, as críticas verdadeiras são construtivas e bem fundamentadas. São colocadas de uma forma espontânea, que só os amigos fiéis são capazes de fazer. Posso até não aceitá-las de imediato, mas me farão pensar, refletir considerando a autenticidade de quem a faz. Segundo, quando são feitas por quem não me conhece, seja de forma leviana ou imatura, não posso considerá-la, apesar de que a avalio bem. Muitas vezes, ao receber uma crítica ácida, fiquei passado na hora, mas depois utilizei-a em meu benefício pessoal. Em outras situações, não tive opção melhor.
Tenho fortalecido minha auto-estima ao longo dos anos, mas não posso perder o controle, pois o egoísmo e a vaidade andam lado-a-lado, por isso é muito bom estar preparado para ser questionado, criticado, contestado e sacudido. Isso nos coloca longe da idéia de que somos os melhores, mais capazes, mais influentes do que aquele mendigo que te pede esmolas todos os dias.
Reconhecer o que temos em comum é mais fácil que apontar diferenças. Não vale a pena discutir teorias e conceitos que já existem, se não conseguimos ter a objetiva consciência de quem somos e o que fazemos de nossas vidas.
Assumir o seu papel no mundo com responsabilidade é fundamental agora. É melhor do que ficar usando justificativas para os deslizes, como se fossem normais. Ou passar boa parte da vida lamentando e se culpando por oportunidades perdidas. Muitas vezes não temos consciência dos efeitos de nossas escolhas, ou se quer temos o direito de escolha, o que pode nos conduzir a um beco sem saída.
Todas as vezes que escolhemos uma opção, consciente ou não, a única saída é assumí-la e "tocar o barco". Se tudo vai der certo, legal. Se não, assuma os riscos e aproveite para tirar "leite de pedra" aprendendo com as escolhas, de tal forma que ela não se transforme em um fardo ou te faça ser um eterno reincidente.
Sei o quanto devemos ser corajosos para assumir uma postura ativa e não reativa. Fica cômodo se esconder quando não nos interessa o confronto ao que julgamos ser o correto. Imagine então, quando a vida nos coloca diante de nossas fragilidades reais! Mas sabe o que mais cria perplexidade nesses momentos? Ninguém saberá o que se passa com você, a não ser a sua consciência e Ele. Não há como fugir, a saída é agir.

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