Falo sozinho, mas não moro sozinho.

Sempre que estou só, sento aqui e escrevo. Mas nem sempre isso é possível, daí começo a conversar comigo mesmo. Passei a ter o hábito de falar sozinho quando fui morar sozinho. Muitos acham que fiquei meio "pirado", mas é muito bom verbalizar meus pensamentos com total intimidade.
A princípio, buscava espelhos para falar. Era interessante olhar dentro de meus próprios olhos e observar as expressões faciais, à medida que praticava o meu monólogo. Depois fiquei mais corajoso e desandei a falar sozinho. Quando cozinhava, estudava ou arrumava o apartamento. O papo muitas vezes ficava tão animado que sentia que o apartamento ficava repleto de sons. Parecia que rolava uma tremenda festa.
Descobri que eu era (e sou) uma companhia legal e bem humorada para mim mesmo. Descobri que poderia ser feliz, caso decidisse viver assim, sem ninguém. Percebi também que não teria como depositar a minha felicidade em ninguém.
Era preciso que antes me amasse bastante. A partir daí, poderia escolher entre esses dois caminhos. Continuar comigo mesmo ou constituir uma família. Optei pela segunda opção e não me arrependo. Apesar da autonomia emocional e do fortalecimento de minha auto-estima, partilhar a minha vida com as pessoas que amo é muito mais enriquecedor.
Dias atrás pensava no que tive que vivenciar e experimentar para ser o que sou e ter o que tenho. Não posso dizer que a vida foi madrasta comigo. O que tenho não faria o menor sentido se não fosse o que sou hoje.
Aprendi que não se pode ter tudo o que se sonha, mas o necessário para viver com dignidade. Era importante usar todas as ferramentas disponíveis de maneira eficiente, mesmo que isso significasse abrir mão do que havia conquistado logo depois.
Aprendi que tenho que levar a sério o que falam para mim e não o que falam de mim.
Aprendi que não se pode ser disponível e solícito o tempo todo. Dizer "não" educadamente me faria sentir bem e ajudaria ao ouvinte mais ainda.
Aprendi que não se pode perder a esperança e a fé, por pior que esteja o mundo ao seu redor. Por pior que sejam as pessoas ao seu redor.
Aprendi que dar boas gargalhadas e um bom bate-papo renovam energias, principalmente quando estamos cercados de amigos verdadeiros.
Aprendi que escrever, em qualquer situação, ajuda-me a perceber os desafios diários. Pois toda vez que escrevo, secretamente descubro a solução para todos eles.
Aprendi a importância de ser responsável por meus atos e deixar os meus pensamentos ruminantes longe de mim.
Descubro que não tenho como contabilizar perdas em minha vida, mas de creditar ganhos enormes e crescentes.

Comentários

Andrea disse…
eu tb falo muito sozinha... mas agora muito mais quando estou tomando banho... pode? é uma higiene mental.... kkkkkkkkk

:D Bjs.
Paulo Victor disse…
Fiquei com medo agora.........

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