Corrigindo a rota toda vez que o vento mudar.

O que você faria se tivesse a chance de corrigir o seu passado? Não todo o seu passado, mas situações que tivessem ficado incomodamente mal resolvidas. Eu tenho tido essa oportunidade de rever minhas atitudes aos olhos de minha maturidade. Cheguei a conclusão comum a todos. Ah! se tivesse vivido com a experiência que hoje possuo...
Entretanto, não me sinto culpado e nem lamento o que para mim está definitivamente perdido no tempo, já não faz mais parte de minha vida hoje, mesmo sabendo que sou hoje o que vivenciei em tantos anos.
Se consigo vislumbrar que sou melhor do que ontem, esse é um bom sinal. É um sintoma clássico que estou ficando curtido, como os velhos vinhos e aguardentes, famosos pela qualidade obtida com o tempo.
Tenho experimentado intensas mudanças na percepção do significado da vida. Tenho comemorado a minha maturidade todos os dias, agradecendo a Deus ao acordar e ao deitar pelas possibilidades que tenho recebido. Eu penso que tudo tem o seu tempo próprio para acontecer, até mesmo quando o presente parece desfocado em nosso olhar e a esperança já vai longe.
Hoje vivo dia após dia, com uma coragem e uma certeza constrangedoras e impossíveis há tempos atrás.Também estou ciente que posso fazer diferente e fazer a diferença.
Sabe quando você descobre que não tem mais o que temer? Que a partir de agora, tudo que vier a acontecer terá sido programado exclusivamente para mim. E que sou capaz de superar o que vier ao meu encontro. Eu não acredito que Deus nos coloque um peso maior do que as forças que possuímos. Isso não faria sentido qualquer.
Por isso celebro a vida. Não que a morte me amedronte, pois ela está longe de ser a negação da vida. Ela é apenas uma etapa inevitável dela, assim como um nascimento.
Há dias em uma reunião de almas que participo, coloquei que usamos muito mal os nossos sentidos ao longo da vida, principalmente durante a juventude, o que não é uma regra sem excessões.
Olhamos quando devíamos ver, escutamos quando deveríamos ouvir, falamos quando devíamos calar e tocamos quando deveríamos sentir.
Aguçar os sentidos deveria ser uma disciplina obrigatória para se viver bem. Quantos livros para viver bem são lançados pelo mercado editorial, arrastando multidões de leitores, como que para viver houvesse uma fórmula mágica, uma atitude ideal ou uma receita antiga. Não quero fazer críticas dos autores aqui, mesmo já tendo lido muitos livros desse estilo. Eu mesmo ficava intrigado com a leitura e sempre me perguntava: Como eu não pensei nisso antes? Por que não tive a iniciativa de mudar? Parecia que eu estava lendo o que já sabia e estava guardado dentro de mim há mil anos.
Cada um guarda dentro de si a chance, a possibilidade de viver melhor e feliz, por mais difícil que tenha sido a sua vida. Já conheci pessoas extremamente pobres, que "matavam uma boiada" todos os dias para sobreviver e viviam com uma dignidade invejável. Me disseram que suas vidas faziam sentido, e sentido para elas significava não desistir diante de qualquer obstáculo. Fiquei constrangido a lembrar-me que muitas vezes reclamava por nada.
Também já convivi com pessoas que carregam grande sofrimento emocional assumindo toda responsabilidade que lhes cabe. Eu as acompanhei em suas lutas diárias, nos seus momentos de dor e aprendi à admirá-las e respeitá-las por isso.
Aprecio a idéia que estamos aqui apenas de passagem por esse mundo de desconcertante simplicidade. Não deixarei nada e não levarei nada daqui. Apenas uma esperança de que a minha vida ao findar não tenha sido em vão. No que me cabe, estou me esforçando para fazer o melhor que posso, aprendendo com meus erros e agradecendo pela expansão de minha consciência mais uma vez.

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