Com o mundo ao meu redor

Estou me adaptando às mudanças que fiz para minha vida em 2010. Apesar do processo estar acontecendo com um certo grau de ansiedade, os resultados tem sido muito bons. Tenho conseguido focar antigas prioridades, muitas que estavam adormecidas na memória e observar atentamente, como as pessoas de minha convivência passaram a me tratar. Sempre fui uma pessoa discreta. Nunca apreciei a exposição exagerada. Por causa de minha natureza um tanto tímida e reservada, tornei-me um observador de qualidade. Desde criança, eram poucos que conseguiam me iludir. Eu sempre descobria o que estava acontecendo, mas quase nunca revelava o quanto estava sabendo.
Por conta disso, muitos amigos e parentes ainda acreditam que sou ingênuo e pronto para ser enrolado e explorado, uma vítima.
Também já brincaram muito comigo por acreditar em tudo que vejo e escuto logo de imediato. Por vezes me permito agir assim, mas a experiência de vida acumulada, não me permite mais fazer isso com tanta frequência e creio que deixarei de fazê-lo. Mas isso não me incomoda. Eu gosto de validar as pessoas até o momento que elas mesmas me provem o contrário. Eu sempre preferi acreditar do que duvidar. Gosto de dar créditos ao ser humano. Eu mesmo sou o meu maior credor. Mas quando desacredito, sou como todo ser humano, é para valer.
Tenho tido o privilégio de fazer o que gosto. Encontrar e conhecer novas pessoas de uma forma especial: dando-lhes aulas e me surpreendendo com que sou capaz de fazer com a Geografia, quando vejo olhares atentos. É em sala de aula que encontro o meu público alvo, o sentido mais forte da minha escolha profissional. Sou capaz de colocar a minha timidez de lado a atuar espontâneamente. Muitas vezes, até eu mesmo duvido do que falo e faço dentro de sala. Fazer com que meus alunos sejam capazes de descobrir seus múltiplos talentos, e apreciar essa descoberta não tem preço.
Arroubamento é o que sinto quando faço o que amo. Este ano voltei a ser unicamente professor e creio que a ansiedade inicial desapareceu quando pela enésima vez confirmei que estou trilhando o caminho vocacional que escolhi.
Como profissional tenho muito o que aprender. Não sou o melhor professor, reconheço minhas limitações, mas estou disposto à aprender com elas e quem sabe um dia, superá-las. Mas sem cobranças ou necessidades tolas de provar nada a ninguém. Sou um homem e um professor bem resolvido, com uma das minhas grandes paixões - o magistério.
Aprender é que importa para mim e aprendizagem não pode ter fim. Não me vejo no futuro sendo um professor completo, que sabe tudo, que conhece tudo e que por conta disso, se torna o melhor profissional, merecedor de benesses e reverências. Quero apenas cumprir da melhor forma que eu puder, o que me coube fazer nessa vida.
Dia desses me disseram que sou um grande investidor. E concordei na hora. Invisto no ser humano, minha matéria prima diária.
Acredito tanto quando faço um investimento, que por vezes superestimo as pessoas envolvidas. Mas gosto de ter palavras de incentivo e apoio, e elas nunca me faltaram. Como otimista nato, tenho sempre em mente que é para frente que se anda. Não espere que eu alimente angústias alheias. Vou dar ultimatos para fazer as situações se resolverem, mas respeitando o tempo de cada um.
As idéias estão fluindo com muita intensidade em minha mente hoje. Sinto que vivo um período de transformações muito necessárias para mim. Não consegui mensurá-las ainda, mas gosto de expectativas positivas, principalmente quando sei que estou agindo com seriedade e transparência comigo mesmo e com o mundo ao meu redor.

Comentários

Paulo Fernandes disse…
A vida é estranha. Durante a faculdade tive a oportunidade de conviver contigo e penso que passamos por boas experiências. A recordação que guardo com mais carinho, a que primeiro surge, é aquela em que nos perdemos na primeira tentativa de realização da travessia pelo PNSO. Você lembra na noite que passamos nos Portais de Hércules, no meio de um capinzal sem tamanho, tentando a localização na carta topográfica? E o incrível show do Queen no Rock in Rio? E tantas outras.

Estranha porque apesar de te ter como amigo, desde a faculdade, já vão lá impressionantes 24 anos, nos reencontramos apenas casualmente algumas poucas vezes. Sem medo de errar, 3 ou 4, o melhor foi um café formal na padaria. Sinto que perdi algo. Eu sei, somos responsáveis pelos nossos erros, escolhemos os caminhos que desejamos seguir. Sou mais responsável que vc pelo afastamento.

Estranha porque apesar da distância no tempo, fica claro pelos teus textos que vc continua muito parecido com o cara que conheci faz tanto. Foi longe mas continua bem próximo de onde te conheci.

Estranha, porque apesar de parecer complexa, a vida é bastante simples.

Abraços de verdade
Paulo

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