Bonitinha e corajosa!

    E mais uma vez o que eu previra há tempos aconteceu. Perdi mais uma pessoa muito amada para a morte. Já havia perdido para a vida. Não a via há quase 15 anos e os contatos como ela foram pouquíssimos, insuficentes para reduzir a saudade e a angústia de não poder estar com ela. Eu nem o seu endereço eu tinha, pois a sua irmã, nunca nos passou. Assim, minha prima Luciane se foi e pior, sem que eu pudesse matar a dor da saudade que cresceu dentro de mim. 

    Ao encontrá-la dentro de um caixão, envolvida por flores brancas como ela, eu desabei em lágrimas. Havia um sorriso em seus lábios, como se estivesse feliz em me ver. A dor da separação chegou ao ápice neste momento. Não deu para me despedir como eu gostaria, de abraçá-la, beijá-la como fiz durante 45 anos. Crescemos juntos. A diferença de idade era de 1 ano e pouqinho. Ela foi minha irmã de coração por 10 anos, até que a minha irmã nascesse e continuou sendo depois. Havia um mistério que fazia sentir um profundo respeito e carinho por aquela alma tão corajosa em vir ao mundo com tantas limitações físicas. Eu me sentia feliz em estar ao seu lado desde muito cedo. Nos amávamos de verdade, como primos irmãos. Quando vejo as nossas fotos de infância, choro de saudades de um tempo em que éramos tão próximos! O meu consolo maior é saber que ela está melhor do que aqui. Está livre do corpo de torturou a sua alma por seis décadas, deixando-a imóvel em uma cama. As lembranças que temos serão inesquecíveis, assim como o grande aprendizado que tive ao conviver com ela, não por escolha ou opção, mas por afinidade espiritual.

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