Três dedos

Hoje não pude me conter na sala dos professores em uma escola em que trabalho. Semanas atrás, durante o intervalo de aulas, a televisão mostrava uma mãe que acabava de perder a sua filha em uma missa. Não preciso citar o caso, pois além de ser de domínio público, foi um ato de crueldade sem precedentes.
Pois é, alguns professores "acabaram" com a mãe da vítima, dizendo que ela demonstrava uma frieza impressionante, pois não chorava e se quer aparentava sinais de desespero. Colocaram também que deveria ser conivente com os assassinos, que os brasileiros não valem nada, etc.
Não vale a pena citar tudo que disseram, foi horrível, considerando que eram professores e se colocaram diante de suas turmas com esses argumentos, segundo eles.
Hoje, ao assistir ao replay da entrevista, na mesma escola, ao lado dos mesmos "juízes", os vi calados e sem argumento.
Mas não me contive. Lembrei-os de seus julgamentos precipitados e desumanos. Causou-me espanto que agora ficassem em silêncio diante de minha indignação. E lá fui eu, dar a minha cutucada, como fazia anos atrás.
Como é fácil fazer julgamentos irresponsáveis de caráter e valores. Alguém consegue mensurar a dor de uma mãe que perde uma filha dessa maneira? Existe um padrão para expressar nossas dores? Por que temos que agir como todos agem diante das dificuldades? Afinal, todos os brasileiros não prestam? Eu não faço parte desse grupo. E vocês, fazem parte do mesmo time? Vocês são exemplos a serem seguidos? Por que não medir a força de suas palavras, antes de proferí-las em público?
Há tempos não discuto com leigos, mas não resisti a esse apelo hoje. Apontar o dedo para alguém é fácil, mas repare, ao usar o indicador, três dos cinco dedos estão apontados para você.
Você ao ler isso pode achar que fiz adotei a mesma estratégia de julgamento, mas não fiz isso. Respeito o ponto de vista diferente do meu, mesmo não concordando, mas como fui pego de surpresa, tive agora o meu direito de resposta. Não falei diretamente para ninguém, para não caracterizar um ataque pessoal (não era esse o caso), mas fui claro, firme e educado (sou libriano) ao me colocar. A justiça será feita de qualquer maneira, seja aqui e agora, ou diante de Deus.

Comentários

Anônimo disse…
"NÃO JULGUE PARA NÃO SER JULGADO"

Certa vez, em uma cidade do interior de Minas, um padeiro foi ao delegado e deu queixas do vendedor de queijos que segundo ele estava roubando, pois vendia 800 gramas de queijo e dizia estar vendendo 1 kilo.
O delegado pegou o queijo de 1 kilo e constatou que só pesava 800 gramas e mandou então prender o vendedor de queijos sob a acusação de estar fraudando a balança.
O vendedor de queijos ao ser notificado da acusação, confessou ao delegado que não tinha peso em casa e por isso, todos os dias comprava dois pães de meio kilo cada, colocava os pães em um prato da balança e o queijo em outro e quando o fiel da balança se equilibrava ele então sabia que tinha um kilo de queijo.
O delegado para tirar a prova mandou comprar dois pães na padaria do acusador e pode constatar que dois pães de meio kilo se equivaliam a um kilo de queijo. Concluiu o delegado que quem estava fraudando a balança era o mesmo que estava acusando o vendedor de queijos.
Nós somos um pouco assim e muitas vezes acusamos os outros de nossos próprios vícios.

Luiz Fernando, por isso, diante de uma situação como esta abordada por você, acusar algo ou alguém por qualquer ato que lhe diga respeito, ou que no mínimo, que não se saiba do que realmente aconteceu é uma situação entristecedora, afinal, o pré-julgamento feito por estes professores ocorreram de forma desrespeitosa para com a mãe da criança e até para com eles mesmos, afinal "Não julgueis para não serdes julgados!"

Um grande abraço.

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