Relaxo trabalhando

Relaxo trabalhando. Nada mais desesperador para essa "pobre alma" que a ociosidade. Não me vejo entregue à preguiça e a moleza na sombra de coqueiros, sentindo a brisa do mar.
Sinto-me meio máquina durante a maior parte do ano. Vivo preso em horários, assumo compromissos em demasia por força do meu papel de professor/coordenador/esposo/filho/ irmão/pai/etc.
Trabalho com duas agendas ao longo do ano, e sempre estou uma semana na frente de meus compromissos. Fico elétrico maior parte do tempo, restando-me pouco tempo livre. Assim quando estou mais disponível, vou aos poucos fazendo todo tipo de trabalho braçal que encontrar pela frente. Só assim consigo relaxar minha mente, quando passo a usar meus músculos. Até caminhar me deixa entediado. Começo caminhando e acabo correndo num ritmo bem pesado. Adoro ladeiras para escalar e desacelero nas descidas para poupar-me de tombos.
Já tracei metas mentais para 2009, mas não me atrevo à escrevê-las aqui ou em qualquer folha de papel. Dizer para alguém? Nem pensar. São arrojadas e surpreendentes. As mudanças internas já trazem mudanças externas. Eu não me refiro ao cavanhaque que tirei depois de mais de 20 anos, mas de mudanças que já se processam nesses primeiros dias de janeiro.
Sinto que estou saindo de um período muito nebuloso, se esse é o termo adequado não sei, mas estou aproveitando essa brecha de céu azul para respirar. Vim respirar aqui no dramático silêncio do meu quarto.
Vejo o céu pela janela e pesadas nuvens se organizam em camadas. São diferentes tons de cinza que antecipam a noite. Sinto cheiro de terra molhada e a pressão atmosférica em queda no meu barômetro anuncia chuva forte para breve.
Lembro-me das muitas vezes que tomei fantásticos banhos de chuva quando criança. Eu e meu primo adorávamos correr debaixo das pesadas chuvas de verão em Petrópolis, levando tampas de panela com se fossem o volante de um carro. Imitávamos o barulho de carrões e pisar nas poças de água como se estivéssemos derrapando, não tinha preço. E quando simulávamos uma colisão? Era legal empurrá-lo dentro de poças de água lamacentas e ficar rindo. Depois era a minha vez de me enlamear. Hoje, tenho pouco contato com meu primo. Ele vive em um mundo distante e diferente do meu, mas guardamos a cumplicidade de uma infância muito feliz, cheia de artes e travessuras que deixavam nossas mães de "cabelo em pé". E veja só: nunca quebramos um osso se quer, mas cicatrizes...

Comentários

Unknown disse…
TIROU O CAVANHAQUE???
Vou postar uma foto para vc ver. Fiquei como naquele programa "Dez anos mais jovem"
Geoabraços

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